[Opinião] O dia em que visitei a SIC pela primeira vez
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Você deve estar se perguntando: “acho que li errado”. A Mari Proença está falando em visitar a SIC pela primeira vez? Sim, é isso mesmo que você leu e releu. O título não está errado e tampouco é uma receita para buscar leitores. Quem gosta de escrever vai entender: tem horas que a gente quer colocar sentimentos no papel. Depois de 16 anos da minha primeira feira em São Paulo, em 2006, quando entrei na Café Editora, aos 24 anos de idade, eu pude, pela primeira vez, ir como visitante do evento que ajudei a criar passo a passo ao longo da minha carreira.
Voltemos um pouco para trás, nos idos anos de 2006 novamente, quando surgia o Espaço Café, ainda nem tinha o Brasil no nome. Em março deste ano eu entrava no mundo do café, por meio da Revista Espresso, como diretora de conteúdo. Assumi um posto sem conhecer nada desse mercado específico de café, mas com uma ótima bagagem jornalística cultural, por ter iniciado muito nova, aos 18 anos, com baluartes da imprensa.
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As primeiras entrevistas para fazer as reportagens iniciais do café foram com pessoas no mercado de São Paulo, afinal a redação da Espresso ficava em uma pequena casa na saudosa Rua Nova York, 382, no bairro paulistano do Brooklin. Como eu disse, desconhecedora do setor eu fui desbravando algumas pautas. Era a edição 11 da Espresso, que ainda engatinhava. Tinha nas mãos uma edição já começada com algumas reportagens prontas e outras por fazer. A entrevistada era a artista Tomie Ohtake e tivemos a “brilhante” ideia de tentar encontrar um barista que pudesse fazer um latte art para a capa, que remetesse a alguma obra de Tomie. Bem simples, né? Falhamos com sucesso nas tentativas, mas conseguimos um desenho lindo e a relação entre arte e café estava feita.
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Na época a publicação ainda chamava Espresso em Revista – diga-se de passagem – e tinha seções de esportes, comportamento, fazendas históricas e improdutivas de café. Na edição 12 já pude imprimir, junto com o diretor de arte, Fernando Sciarra, o nosso estilo de fazer revista. Foram anos e anos de reportagens lindíssimas, fotos, textos, viagens e entrevistas e muitas viradas de noite naquela casa do começo da história. Com a saída do Sciarra, tive por mais tempo ao meu lado (12 anos, imagino) o diretor de arte, Marcelo Furquim. Equipes maravilhosas, profissionais de ponta, amizades de jornalistas e designers que levo até hoje na construção da minha trajetória.
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Nesses primeiros anos, além da Espresso, surgia o Espaço Café Brasil, realizado dentro da Fispal Food Service. Foram cinco anos de evento nesse modelo: estandes, campeonatos, muitos conteúdos e aprendizados – de 2006 a 2010. Ficar ali na porta do auditório conferindo o nome dos visitantes, convidar os palestrantes e pensar os conteúdos, me fez conhecer os pioneiros do mercado de café especial do Brasil e os empreendedores que estavam começando. A interação com pessoas de todo o Brasil era uma riqueza imensa. O produtor ainda não participava muito desses eventos e era difícil essa conexão. Falávamos muito com a indústria, baristas e cafeterias.
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Em 2011 e 2012 o Espaço Café Brasil sai da Fispal Food Service e inicia seu voo solo. Dois anos desafiadores, repletos de novas ideias para o público e ajustes de datas e posicionamento. Dentre os lançamentos surgia o Coffee of The Year, após a minha primeira feira da Specialty Coffee Association of America (SCAA), na época, em Houston, nos Estados Unidos, em 2011. Andando pela feira, vi que eles realizavam uma votação do público para os melhores cafés do mundo. Tinha Bolívia (nunca esqueci esse café incrível), Costa Rica, Guatemala, Colômbia, mas não tinha Brasil. Nas garrafas eles deixavam os cafés prontos e umas fichinhas para o público votar. A ideia foi trazer para o Brasil um concurso que pudesse mesclar a prova profissional de “cupping” e a escolha da audiência. Surgia então o Coffee of the Year Brasil. Em 2012 foi a primeira edição do concurso que era apenas um pequeno auditório para darmos o resultado final. E olha o que virou tudo isso!
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Em 2013 o Espaço Café Brasil ou ECB – já para os íntimos – recebeu o convite de ir para Belo Horizonte e se transformou na Semana Internacional do Café (SIC). Naquele ano a Organização Internacional do Café (OIC) completava 50 anos e já havia sido decidido que a festa seria em Minas Gerais. Só que para receber todos aqueles convidados precisava-se de uma feira, de bons cafés e de espaço. Belo Horizonte virava então – naquele ano – a capital do café e receberia centenas de visitantes internacionais e, enfim, dezenas de produtores de café. Lembro que esse ano foi o mais desafiador para mim. Sair de São Paulo e lidar com um novo local, cultura e diferentes instituições e parceiros foi realmente algo muito novo. Pasmem, não conhecia BH. Eu aos 32 anos de idade tinha uma missão, junto com a equipe, de que tudo desse certo.
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Como esse texto não é uma retrospectiva, passarei por 2014 até 2021 sem muitos detalhes, pois eles são muitos. Foram intensos trabalhos, aprendizados, emoções, construções, impossível relatar agora, mas quem sabe em outras oportunidades. O que posso dizer é que cada ano da minha vida foi de busca do novo, do inusitado, do querer mais, da conciliação. Por isso é tão difícil desligar.
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Em janeiro de 2022 eu tomei a decisão de pedir demissão da Café Editora. Tomada por uma vontade interna de mudar, de viver novos ciclos, experiências, realizar novos projetos, enfim. Choquei a todos, a mim mesma, mas tudo me movia para essa decisão. Deixar de fazer parte dos meandros da SIC, da Espresso e tantos outros projetos que contribui para criar, como o livro Guia do Barista, de Edgard Bressani, que participei da concepção e de todas as versões.
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Muita coisa e uma vida. Muitos amigos e histórias. Mas será que era possível sair e continuar no café? Tinha certeza disso. E assim fui me posicionando com novidades neste ano de 2022.
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16 anos versus meses. Projetos consolidados versus novas histórias a construir. Quantos desafios. Em junho lancei a minha marca: Mariana Proença, em Milão, na principal feira da Europa de cafés especiais, tive o apoio dos mercados brasileiro e internacional – que também já conhecem a minha trajetória – e, a partir daí, realizei dezenas de novos projetos, lançamentos e eventos. Não parei nem um segundo e quem me conhece sabe que isso é autêntico da minha personalidade. Eu gosto disso, de estar com pessoas, conhecer novas jornadas, saber da história das pessoas. Esse é meu combustível. Todos nós temos experiências para contar, fraquezas, vitórias e desafios.
Enfim, chegar à Semana Internacional do Café, a querida SIC, como visitante esse ano de 2022 foi uma mistura de sentimentos. Imagina entrar naqueles pavilhões do Expominas sem estar dias antes na montagem, meses antes na concepção do evento, não saber onde estava cada caneta, cada horário daquele painel, cada cadeira daqueles auditórios. 16 anos depois e passou um filme na minha cabeça.
Entrei no pavilhão com amigos da vida, do café, que fui encontrando desde a manhã daquela quarta-feira, dia 16 de novembro. Como em uma esteira rolante fui sendo levada para os espaços, para os estandes, para tomar dezenas de cafés, para fotos, papos rápidos, outros mais longos, abraços rápidos e demorados, sorrisos e choros de emoção. A folha com planos de horários foi quase toda deixada de lado. Muita gente só vi que estava por lá em foto, mas queria ter te abraçado, viu?
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Visitar a SIC, sem rádio, sem gestão de multi equipes, me trouxe muitas certezas de que nosso mercado está consolidado, que o legado está nas pessoas, que minha história está escrita, que ainda escreverei muitos novos capítulos. E comecei lá mesmo ao mediar o 1º Encontro dos Jovens do Café, convidada pelo Sistema Faemg/Senar, com centenas de adolescentes, filhos de produtores de café, que com toda a vontade da idade me fizeram voltar aos meus 24 anos lá do início (veja a foto novinha!), a rememorar aquela minha utopia de construir, com muito trabalho e noites viradas e alegres, uma das mais relevantes feiras de café do mundo, uma revista reconhecida e ter credibilidade no mercado.
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Daquela jovem Mariana, daquele março de 2006, ainda me orgulho de ter muito dela em mim, aos 41 anos. A garra, o brilho nos olhos e a ética de atuar naquilo que acredito. Nesse 2022 eu finalizo com muitas certezas de que nada foi em vão e não me arrependo de tudo o que me dediquei. Apesar da gente duvidar de nós mesmas, muitas vezes, de achar que estamos deixando algo que não vamos mais viver, eu tive respostas imprescindíveis na minha vida. Os produtores continuam abrindo as portas das suas casas para mim, as produtoras continuam me vendo com uma referência de profissionalismo, o mercado me convidou para palestrar por todo esse Brasil.
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Fui convidada por grandes, médias, pequenas, relevantes marcas e instituições do mercado de café para realizar projetos, eventos de ponta e falar sobre a experiência que adquiri ao longo desses anos. Viajei 62 mil quilômetros em oito meses e pude compartilhar e receber conhecimentos que são impagáveis para as nossas vidas. Obrigada, comunidade do café. Continuamos conectados e juntos na construção das nossas histórias. 2023 já está aí e meu planejamento e estratégias estão de antenas ligadas para as tendências, oportunidades e projetos que podemos realizar. Vamos com foco e a certeza de que há muito ainda a fazer. Viva o café! Viva a coragem! Viva a vida!
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